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“O Príncipe”


Livro

Conhecido principalmente por descrever as dinâmicas do poder, o filósofo e político italiano, Nicolau Maquiavel ao invés de formular teorias sobre como o Estado ou o governante ideal deveria ser, dedicou-se a dissecar a realidade. Ao fazê-lo, há quem defenda que criou um manual com estratégias e métodos sobre como os governantes se deveriam comportar para manter e expandir o poder. Mas há também quem considere que, na realidade, Maquiavel alertou o povo sobre os perigos da tirania.


As reflexões de Maquiavel formaram as bases do pensamento realista da ciência política moderna, e a imoralidade que lhe é atribuída provém de uma interpretação descontextualizada. O termo “maquiavélico” tornou-se um adjectivo usado para qualificar pessoas sem escrúpulos, traiçoeiras e sem respeito pelas leis morais. Estes são os 5 pontos para melhor entender o seu pensamento:


Os fins justificam os meios

À primeira vista, a frase erroneamente atribuída a Maquiavel (não aparece em “O Príncipe” e em nenhum outro texto do filósofo) é a que melhor parece resumir os seus pensamentos. Afinal, na sua obra mais conhecida o filósofo dissecou a política sem escrúpulos, mostrando que o que a move é a luta pela conquista e manutenção do poder. Não importa se para isso for necessário romper com valores morais impostos pela Igreja e pela sociedade, que não deveriam restringir a acção do rei ou do governante. O que efectivamente Maquiavel defendia, é que na política a ética é utilitária e a moralidade deveria ser medida com base em actos que sejam úteis à colectividade, mesmo que isso acabe por ferir os valores individuais.


Virtude é mais importante que sorte

Um dos pontos mais centrais do pensamento de Maquiavel é a dicotomia entre virtude e sorte, ou “fortuna”. Um príncipe, ou governante, virtuoso é aquele que não necessariamente é pérfido, mas sabe conquistar favores para manter o poder e expandir o domínio sem depender do acaso. Na visão do filósofo, ser virtuoso é saber o momento certo de agir e de não fazer nada, sem deixar margem para a “fortuna”. Algumas interpretações compreenderam este ponto como “ser diabólico ou ardiloso”.


Crueldade bem usada

Sobrepor a virtude à sorte pode significar também ter sabedoria para ser mau quando necessário: Maquiavel defendia que, para salvar o Estado, um governante deveria saber “não ser bom”, mentindo ou parecendo piedoso se a situação o exigisse, de modo a manter a segurança e o bem-estar do seu povo. A crueldade, nesses casos, seria justificável e bem usada.


É preferível ser temido a ser amado

O amor é um sentimento inconstante, visto que as pessoas são naturalmente egoístas e podem alterar a sua lealdade quando bem o entenderem - ou, nas palavras do próprio Maquiavel, o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários. Já o temor em ser castigado não pode ser ignorado com tanta facilidade e, portanto, não falha.


Razão de Estado

Todas as observações de Maquiavel tinham, no fundo, a intenção de mostrar que o objectivo da política era manter a estabilidade social e do governo a todo custo. É importante salientar que o filósofo viveu numa era de guerras e disputas, numa Itália fragmentada e com o poder muito ditado pela Igreja.

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